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Clarividência

A clarividência é a informação psigâmica oriunda diretamente do mundo exterior sem a intermediação de qualquer fonte humana. Myers a denominava de telestesia. Há duas modalidades de clarividência:

 

a) endoscópica

b) exoscópica

 

A clarividência endoscópica é aquela em que o Agente Psi parece "ver" o interior das coisas que lhe estão próximas. É capaz de conhecer o conteúdo de cartas e de livros fechados e, em algumas ocasiões, de fazer a "leitura" de trechos ou de reproduzir desenhos contidos nos mesmos. Conforme René Sudre, Stephan Ossowiecki descrevia, sem errar, o conteúdo de envelopes lacrados. William Stainton Moses e Gladys Osborn Leonard também obtiveram êxito neste tipo de experimento, também conhecido por "book tests". Uma das habilidades psigâmicas de Mansfield era a de responder as cartas que lhe eram dirigidas, para fins de teste, sem as abrir, adivinhando o seu conteúdo pelo simples contato manual com as mesmas.

 

A clarividência exoscópica é aquela em que o Agente Psi: a) percebe o que se passa ao seu redor, inclusive seu próprio corpo, como se estivesse fora do mesmo; b) percebe o que se passa, naquele momento, em outro local como se lá estivesse fisicamente ou como se as cenas dos acontecimentos se passassem perante seus olhos à semelhança de uma projeção cinematográfica.

 

Na prática, é muito difícil, em certos casos, saber se o Agente Psi passou por uma experiência de clarividência exoscópica ou de alucinação telepática visual. Notável, pela sua atualidade, esta observação do Dr Charpignon, referida por Flammarion (FLAMMARION - O DESCONHECIDO E OS PROBLEMAS PSÍQUICOS):

 

"Ordinariamente, diz o Dr. Charpignon, a visão à distância é confundida com o fenômeno da transmissão do pensamento. Assim, a maior parte das experiências citadas consiste em pedir ao sonâmbulo que se dirija à vossa casa ou a um lugar que conheceis. Estais em relação com ele, que freqüentemente vos descreve os lugares, os objetos com a máxima precisão. Pois bem, não se trata, no caso, a maior das vezes, de uma visão real; o sonâmbulo vê em vosso pensamento as imagens que ai delineais".

 

A clarividência do Agente Psi nos experimentos com baralho Zener é da modalidade endoscópica. Rhine propôs unificar os fenômenos de telepatia e de clarividência numa única sigla GESP (General Extra-Sensorial Percepcion).

 

No Modelo Geral da Parapsicologia (MGP), do I.P.P.P., todas as modalidades de Psi-Gama foram unificadas numa só denominação: Fluxo Psi-Informacional (FPI). Um caso complexo No dia 10 de agosto de 1883, o repórter Ed. Sampson, chefe de redação do jornal "Boston Glob", chegou embriagado em seu gabinete e ali adormeceu. Mais ou menos às 3 horas da manhã, teve uma estranha visão na qual um vulcão, na ilha Pralape, na Indonésia, entrava em erupção, provocando devastações e matando 36 mil pessoas. Ed. Sampson, ousadamente, resolveu publicar seu pesadelo como se fosse um fato verídico e o seu artigo foi transcrito em todos os jornais dos Estados Unidos. Nada, porém, confirmava a notícia e a ilha Pralape não figurava em qualquer mapa geográfico. Descoberta a origem da notícia, Sampson foi, de imediato, demitido do seu cargo. Logo após, no entanto, começaram a chegar as primeiras informações sobre a catástrofe, confirmando o relato do jornalista.O vulcão Krakatoa explodira e matara 36 mil pessoas. Uma vez estabelecida a correção dos fusos horários, concluiu-se que a visão de Sampson coincidira com o momento da erupção vulcânica. Uma pesquisa, posteriormente realizada, revelou que o vulcão Krakatoa, dois séculos antes, se chamava Pralape.

 

Relações entre a Telepatia e a Clarividência

 

A experiência psigâmica parece ser mais freqüente por telepatia do que por clarividência. Esta talvez seja a razão pela qual se procura explicar quase todos os fenômenos de psi-gama pela telepatia.

 

É possível que razões psicológicas concorram para essa preferência, colocando, assim, a clarividência num plano secundário e praticamente obscuro. Temos observado que, nas experiências com baralho Zener, as pessoas geralmente admitem, a priori, que os testes de clarividência são mais difíceis do que os de telepatia.

 

Este preconceito parece influir no seu índice de acertos, porque elas reduzem ou perdem a confiança em suas aptidões paranormais, sentindo-se pouco motivadas para adivinhar as cartas. O mesmo, porém, não ocorre em se tratando de teste de telepatia.

 

A experiência psigâmica resulta, neste caso, de uma relação psíquica entre duas pessoas, constituindo um meio "quente" de comunicação, principalmente se se estabelece uma boa empatia entre o telepata emissor e o telepata receptor. Cria-se um clima de confiança, importando no aumento do grau de motivação na experiência e de confiança no seu êxito. A fonte de onde se origina a informação é um ser vivo, dinâmico, o que torna a telepatia um meio "quente" de comunicação.

 

Na clarividência, ao contrário, o meio de comunicação é "frio", porque a fonte de onde se origina a informação psigâmica é estática, impessoal, destituída de emoção, visto que a experiência paranormal resulta da relação entre a mente do Agente Psi e o universo material.

 

Em se tratando de casos espontâneos, a telepatia é, na realidade, mais freqüente, porque a relação mais comum é aquela que ocorre entre duas pessoas do que a que se estabelece entre o Agente Psi e o mundo exterior.

 

É possível, no entanto, analisar a questão sob outra perspectiva, dando ênfase maior à clarividência. Senão vejamos: Na telepatia, por se tratar de uma relação mente a mente, o "ruído" na comunicação é muito alto. Ou seja: a decodificação é prejudicada pela emoção implícita no próprio sinal psigâmico e, por isso, pode sofrer distorções no processo de filtragem que se dá por ocasião da passagem da informação psigâmica do nível inconsciente para o nível consciente do Agente Psi.

 

O mesmo, porém, não ocorre com a clarividência, onde se houver "ruído", este será mínimo, pois a informação psigâmica não está aquecida pelo fator emocional. Parece, assim, que, na clarividência, a captação e o processo de conscientização não sofrem sensíveis deformações na mente do Agente Psi, permitindo que a experiência paranormal se revista de um grau maior de "pureza" ou fidedignidade.

 

Apenas a título de especulação: é possível que as pessoas mais emotivas sejam mais propensas às experiências telepáticas e as menos emotivas, às experiências de clarividência.

 

Se examinarmos uma experiência com baralho Zener, chegaremos facilmente à constatação de que a clarividência, neste caso, é a experiência psigâmica por excelência, relegando, praticamente, a telepatia ao ostracismo. No momento em que as cartas são. Empilhadas para uma experiência de telepatia, é possível que o pesquisado já saiba, por clarividência, a seqüência das mesmas, ou, ainda, segundos antes do pesquisador olhar a carta alvo que já se encontra em suas mãos. Por isso, pouco importa que o embaralhamento seja manual ou mecânico: a percepção psigâmica por clarividência, ao menos teoricamente, sempre precederá a obtida por telepatia.

 

A conclusão a que chegamos, portanto, é a seguinte: se nos casos espontâneos a telepatia prevalece sobre a clarividência, na experimentação com o baralho Zener a predominância é da clarividência.

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​© 2015 por Ananda Mayã.


 

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