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Parapsicologia

A Parapsicologia é, ao mesmo tempo, uma ciência humana e da natureza , investigando as manifestações incomuns do psiquismo humano nas suas relações com os seres vivos e a matéria em geral. E é uma ciência de extensa multidisciplinaridade , pois estabelece fronteiras de relações fenomenológicas com as mais diversas ciências.

 

A Parapsicologia é a ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais. Fenômenos paranormais são eventos incomuns de natureza psíquica, biológica e física atribuíveis a uma aptidão especial do ser humano, denominada de paranormalidade.

 

No Brasil, fomos o primeiro a estabelecer um critério demarcatório para a Parapsicologia, definindo o seu perfil fenomenológico e distinguindo-a da Psicologia e da Psiquiatria, não só quanto ao seu objeto, mas também quanto ao mercado de trabalho. Definimos a Psicologia como a ciência que tem por objeto o estudo dos fenômenos comuns da mente humana e, no campo profissional, o atendimento terapêutico dos distúrbios emocionais de conteúdo neurótico. Definimos a Psiquiatria como a ciência que tem por objeto o estudo dos fenômenos patológicos da mente humana e, no campo profissional, o atendimento terapêutico dos distúrbios emocionais de conteúdo psicótico. Finalmente, definimos a Parapsicologia como a ciência que tem por objeto o estudo dos fenômenos incomuns da mente humana e, no campo profissional, o atendimento não terapêutico, sob forma de orientação e aconselhamento, às pessoas que, direta ou indiretamente, estejam passando por experiências paranormais.

 

BREVE HISTÒRICO

Podemos dividir a história da Parapsicologia em cinco fases:

a) pré-espírita

b) do Espiritismo

c) da Metapsíquica

d) de transição

e) da Parapsicologia

 

Hipótese básica

A hipótese fundamental da Parapsicologia é que os fenômenos paranormais são produzidos pelo psiquismo inconsciente do Agente Psi. Esta hipótese estabelece o que produz os fenômenos paranormais, mas não como eles são produzidos.

 

Agente Psi e Agente Psi Confiável

 

Agente Psi é o homem na situação do deflagrador do fenômeno paranormal. Qualquer pessoa podo, eventualmente, passar por oxporiôncias paranormais. 0u soja: funcionar como Agente Psi, visto que, potencialmente, todo ser humano é dotado desta aptidão. No Espiritismo o na Metapsíquica, o Agente Psi é denominado de médium.

 

Outras pessoas apresentam uma certa predisposição para passarem por esse tipo de experiência. Por isso, nós as denominamos de fronteiriços paranormais.(ROSA BORGES & CARUSO - PARAPSICOLOGIA: UM NOVO MODELO).

 

Finalmente, há um reduzido número de indivíduos que, freqüentemente, produzem fenômenos paranormais. Essas pessoas são denominadas de paranormais. Criamos o termo Agente Psi Confiável (APC) para designar a pessoa em presença da qual existe uma alta probabilidade de ocorrerem fenômenos parapsicológicos. Paranormal ou APC é, portanto, a pessoa que, habitualmente, apresenta manifestações paranormais. O nosso critério, portanto, na definição do APC é puramente quantitativo, operacional, pragmático.

 

Tem-se afirmado que certos tipos psicológicos parecem propensos a experiências paranormais - os extrovertidos, os emotivos, os bem ajustados, os confiantes - e outros que aparentam ser refratários a elas - os introvertidos, os racionais, os críticos, os desajustados e os desconfiados. Os fenômenos paranormais podem também ser observados em psicóticos, conquanto sejam comuns em pessoas mentalmente sadias.

 

Segundo Gustavo Geley, (GELEY - LA ECTOPLASMIA Y LA CLARIVIDENCIA) "médium é um ser cujos elementos constitutivos, mentais, dinâmicos, materiais são suscetíveis de descentralização momentânea".

 

Para Alexandre Aksakof (AKSAKOF - ANIMISMO E ESPIRITISMO), ele seria "um indivíduo no qual o estado de desagregação psicológica sobrevém facilmente". Rudolf Tischner (TISCHNER - INTRODUCIÒN A LA PARAPSICOLOGlA) é de opinião que "las personas con facultades mediumnísticas son, generalmente, en extremo sugestionables, aun en el estado de vigília".

 

Charles Richet (RICHET - TRATADO DE METAPSÍQUICA) entendia que "os médiuns são mais ou menos nevropáticos, propensos a cefaléias, insônias, dispepsias" , porém não são doentes, embora apresentem "qualquer desagregação da consciência" . Estas explicações, no entanto, merecem reservas e apenas se aplicam a casos particulares.

 

Gustavo Geley (GELEY - RESUMO DA DOUTRINA ESPÍRITA) admite que, teoricamente, "a mediunidade é única". Diz ele: "qualquer médium na flor da idade é médium universal, susceptível de todas as potencialidades ".

 

"Depois, especializa-se. Mercê de afinidades pessoais ou de tendência hereditária, é levado a exercer apenas esta ou aquela faculdade e perde virtualmente as outras. Mas esta especialização nunca é absoluta, nem definitiva.

 

Hipótese espiritualista

 

Há muitos parapsicólogos que defendem a hipótese da sobrevivência post-mortem, como a explicação mais razoável para certos fenômenos paranormais, metafisicamente bem melhor do que a hipótese da Super-PES ou Super Percepção Extra-Sensorial que, praticamente, atribui ao psiquismo inconsciente do homem os atributos de onisciência e onipotência. Aquela hipótese foi defendida por pesquisadores como Myers, Richet, Hodgson, Lodge, Geley, entre outros. Tyrrell (TYRRELL - LA PERSONALIDAD DEL HOMBRE) admite "la possibilidad de que los muertos se encuentren detrás de una grand part del material producido por los mediuns y los sensitivos". Entre os casos que sugerem a existência do agente teta (espírito de morto), ele aponta, entre outros, o de Patience Worth, as correspondências cruzadas e a escritura automática da Sra. Willet.

 

Mais categoricamente ainda, afirma Tyrrell:

"Los fenómenos de la investigación para-psíquica (lhamados asi corretamente) tienden definitivamente hacia la comunicación com los muertos".

 

Por sua vez, Rhine (RHINE - O ALCANCE DO ESPÍRITO) assevera: "Podemos dizer que a pesquisa da PES faz diretamente surgir a questão do lugar da personalidade no sistema espaço-tempo, oferecendo positiva indicação a favor da sobrevivência".

 

Rhine e Pratt (RHINE & PRATT - PARAPSICOLOGIA: FRONTEIRA CIENTÍFICA DA MENTE) declaram que "correto é dizer que a investigação da hipótese da sobrevivência e da comunicação dos espíritos seria investigação parapsíquica" .

 

William James (JAMES - EXPERIÊNClA DE UM PSIQUISTA) reconhece que as provas a favor da identidade dos espíritos comunicantes lhe parecem "na verdade muito fortes. Não são absolutamente concludentes; mas na única alternativa possível, a teoria telepática não me parece explicar tão bem os fatos como a teoria espírita" .

 

De nossa parte, entendemos que, enquanto não conhecermos mais profundamente o psiquismo humano e tivermos a possibilidade de elaborar uma hipótese que atenda os requisitos de cientificidade, deveremos admitir, até prova em contrário, que os fenômenos paranormais são produzidos por uma pessoa humana viva, mesmo que nem sempre as explicações para alguns deles sejam satisfatórias. Podemos até reconhecer, em alguns casos, a excelência da hipótese espiritualista, porém fazendo sempre a ressalva de que ela ainda não superou o seu estágio metafísico, o que não importa em dizer que ela não é verdadeira.

 

Paranormalidade e mediunidade

 

É mister distinguir paranormalidade de mediunidade . A paranormalidade é aptidão do ser humano de manifestar poderes incomuns nas relações consigo mesmo, com outras pessoas e demais seres vivos, assim como com a matéria em geral. A mediunidade é, segundo o Espiritismo, a capacidade que toda pessoa possui de se comunicar com os Espíritos. Por isso, a mediunidade não é objeto de investigação parapsicológica.

 

A paranormalidade consiste num conhecer e num agir do ser humano além dos limites habituais dos processos cognitivos e das extensões corporais. É uma evidência de que o homem é um ser maior do que revela em seu desempenho habitual, em sua rotina biológica e psíquica. Paranormal é tudo o que excede o comumente humano, permanecendo humano .

 

Sabemos que somos limitados, mas ainda não conhecemos todos os nossos limites. Por isso, nos condicionamos às nossas rotinas, bloqueando as nossas potencialidades. A experiência paranormal é o extravasamento súbito e impetuoso de nossas aptidões adormecidas.

 

Na verdade, fomos educados a não ultrapassar os nossos limites, sejam eles sociais, biológicos e psíquicos. O habitual se torna, assim, uma sólida camisa de força, impedindo movimentos inconvencionais e, por isso, considerados perigosos. O homem normal (ou normalizado) é aquele que já não sente a sua camisa de força, pois se encontra, para sua desgraça, satisfatoriamente ajustado a ela.

 

O fenômeno paranormal é essencialmente catastrófico. Ele rompe todas as expectativas e fronteiras, afrouxa as camisas de força, fende as muralhas das certezas convencionais, muda a fisionomia estereotipada do homem e restaura o prestígio do inédito

 

O paranormal é fato humano . A sua inabitualidade pode decorrer do próprio comodismo psicológico do ser humano, sempre cioso de estabelecer limites para si mesmo e neles permanecer pacificamente. Normal, assim, é tudo aquilo que o homem a si mesmo se impôs ou que lhe foi culturalmente imposto. O normal não é, portanto, uma medida confiável, mas uma limitação consentida e o que o homem normalizou no seu território ontológico.

 

Psi Animal

 

Bechterev foi quem primeiro realizou experimentos de telepatia entre homem e animal. Ele desejava que os cães realizassem determinadas ações e, em seguida, observava o comportamento deles. Bechterev chegou à conclusão de que os cães respondiam aos seus pensamentos.

 

Outros pesquisadores procuraram demonstrar a existência de relação telepática entre homens e animais, utilizando testes quantitativos em laboratório.

 

O Dr. Karlis Osis realizou experiências com gatos, os quais deveriam ser influenciados telepaticamente por uma pessoa, numa situação em que não podia ser vista pelo animal. Os resultados foram estatisticamente significativos.

 

Fatores orgânicos e ambientais

 

Experiências têm sugerido que a Psi é de natureza orgânica, pois o emprego de certas substâncias parece estimulá-la ou inibí-la.

 

Aldous Huxley (HUXLEY -AS PORTAS DA PERCEPÇÃO: O CÉU E O INFERNO ) entende que a experiência psigâmica pode resultar de uma alteração bioquímica do cérebro. Diz ele:

 

"A mescalina, assim como a carência de açúcar no cérebro, enfraquecem a eficiência deste, ensejando a passagem de informações sem qualquer utilidade biológica, podendo, ainda, ocorrer percepções extra-sensoriais".

 

Por isso, comenta Huxley, "todas as nossas experiências são quimicamente condicionadas" e, atualmente, jà sabemos como diminuir a eficiência da válvula redutora do cérebro por meio de ação química direta, favorecendo as vivências místicas. O aumento de concentração de dióxido de carbono no organismo, a liberação em grande quantidade de adrenalina e de histamina na circulação sangüínea podem produzir experiências psíquicas incomuns em virtude de modificação bioquímica do cérebro.

 

Aliás, já advertia William Sargant (SARGANT - A POSSESSÃO DA MENTE ) que "a alcalose cerebral tende a produzir transe e comportamento sugestionável" .

 

Constatou-se, também, que o estado de saúde do Agente Psi influi, decisivamente, na manifestação do fenômeno paranormal, diminuindo a sua intensidade ou impedindo a sua realização.

 

Alguns experimentos sugerem que o fenômeno paranormal depende de fatores meteorológicos e geográficos. Os parapsicólogos soviéticos observaram que a ação psikapa de Nelya Mikhailova dependia das condições atmosféricas, declinando quando o tempo se enfarruscava. Eles afirmam que a estática cósmica influi, poderosamente, no fenômeno de psi-gama.

 

O Dr. Ravitz anotou que a ação do Sol e da Lua influi no campo de força do corpo e o Dr. Sergeyev pretende que a ocasião mais favorável para o psi-kapa ocorra durante os distúrbios magnéticos da Terra, causados pela atividade das manchas solares.

 

Horace Leaf observou que a sua clarividência era melhor em certos pontos dos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar em que estivera, atribuindo tal fato à grande quantidade de eletricidade estática, existente na atmosfera. Dizia ele que costumava sentir seu corpo tão carregado de eletricidade a cada duas horas que, se introduzisse uma chave na fechadura, sentiria um choque elétrico e veria saltar uma fagulha.

 

O Dr. Nikolai Kozyrev apregoou uma geografia para o fenômeno telepático. Em latitudes onde o tempo é denso, o psi-gama flui com maior facilidade.

 

Os parapsicólogos soviéticos entendem que a estática cósmica influi no fenômeno de psi-gama. Admite-se, ainda, que o psi-gama ocorra melhor em locais onde houver menor quantidade de seres.

 

Finalmente, outros pesquisadores chegaram à conclusão de que a experiência psigâmica é mais fácil nos períodos de Lua Cheia.

 

Há indícios de que a aptidão paranormal seja hereditária e demonstra eletividade por certos povos, descontada, nesta hipótes, a influência dos fatores culturais e geográficos. Ela independe tde sexo, idade, etnia ou inteligência. Pode ser permanente, intermitente ou se extinguir depois de certo tempo.

 

Jacques Bergier (BERGIER - VOCÊ É PARANORMAL) conclui que "todas as crianças de pouca idade são telepatas" , porque, "nos seus primeiros anos, ela tem, em potencial, todas as faculdades da espécie, presentes ou futuras, inclusive as faculdades paranormais" .

 

A aptidão paranormal pode, ainda, originar-se de um trauma físico ou psíquico, como também de mudanças fisiológicas, como a puberdade e a menopausa. E, também, de um estado patológico ou de uma forte sugestão.

 

Fatores favoráveis e desfavoráveis Há fatores que favorecem a manifestação paranormal: a emoção, a atração sexual, a afetividade, os estimulantes, a hipnose.

 

Robert Tocquet observou que o elemento emotivo desempenha papel essencial nos fenômenos de psi-kapa e a sua supressão importa na própria extinção do fenômeno.

 

De igual modo, Schronck-Notzing asseverou que os fenômenos paranormais não dependem apenas da vontade do Agente Psi, mas também da sua emoção.

 

Willy Schneider vinculava a produção do seus fenômenos do psi-kapa ao suave contato de uma mulher e os seus melhores fenômenos eram concomitantes à ejaculação seminal.

 

A produção paranormal do Eusápia Paladino melhorava, quando ela estava sexualmente satisfeita.

 

Os famosos curadores Ambrose e Olga Worral, quando se casaram, apresentaram reações diferentes em seus trabalhos de cura: e do Ambrose entrou em declínio e o do Olga progrediu significativamente.

 

O cansaço físico o as doenças debilitantes podem, segundo as circunstâncias, favorecer ou dificultar a manifestação paranormal.

 

Em experiências de laboratório, a tensão, o desinteresse pelo experimento, a antipatia entre o pesquisador e o pesquisado podem reduzir ou bloquear a manifestação do fenômeno. J.B. Rhine observou que a perda da espontaneidade, no decurso de uma experimentação controlada, influi decisivamente no declínio do desempenho psi.

 

Repercussões orgânicas

 

Não raro, as manifestações paranormais podem produzir profundas alterações orgânicas no Agente Psi - notadamente as de psi-kapa -, tais como sudorese, aumento da freqüência cardíaca e respiratória, clonismo, hiperestesia, convulsões, vômitos, polidipsia, hemorragias, elevação da taxa do açúcar do sangue e grande exaustão física.

Em experiências telepáticas, foi observada uma ativação da área temporal e occipital do cérebro.

 

A Srtª Fairlamb, no curso da manifestação psi-kapa, chegava a perder até vinte sete quilos e, no final da experiência, apresentava uma redução de um a dois quilos em seu peso.

 

Kathleen Goligher, pesquisada por William Crawford, chegou a diminuir seu peso até 24 quilos, por ocasião do fenômeno paranormal.

 

As pessoas presentes às experiências de psi-kapa também podem ser afetadas como o Agente Psi, embora em menor escala. Pesquisadores como Morselli (nas sessões com Eusápia) e Crawford (nas sessões com Kathleen Goligher) foram fisicamente afetados, principalmente o primeiro, que chegou a um sério esgotamento nervoso. Outras pessoas sentem calafrios, perda de energia, cãibra no estômago, formigamento nos ombros, etc.

 

A vontade na manifestação Psi

 

A experiência paranormal é geralmente espontânea. Ela é acionada por necessidades profundas do psiquismo inconsciente. Por isso, o fenômeno paranormal é imprevisível, em regra, o que dificulta, sobremaneira, o seu controle. A manifestação paranormal, rno entanto, em certos casos, pode ser deflagrada, voluntariamente, pelo Agente Psi Confiável, como já se observou em experimentos bem controlados, na realização de tarefas parapsicológicas previamente preparadas.

 

A manifestação paranormal, rno entanto, em certos casos, pode ser deflagrada, voluntariamente, pelo Agente Psi Confiável, como já se observou em experimentos bem controlados, na realização de tarefas parapsicológicas previamente preparadas.

 

Treinamento do Agente Psi Confiável

 

O treinamento do Agente Psi Confiável consiste basicamente na sua familiarização com as peculiaridades de sua aptidão paranormal, na descoberta de seu estilo fenomenológico, o que, gradualmente, lhe proporciona um controle cada vez melhor sobre as manifestações parapsicológicas.

 

Aplicações práticas da paranormalidade

 

A paranormalidade pode ser utilizada para os mais diversos fins, interessando o mundo dos negócios, da criação artística, das aplicações tecnológicas, etc.

 

A precognição pode ser utilizada como instrumento de prospecção cognitiva do futuro, como adjutório das previsões de natureza racional, ampliando o conhecimento de acontecimentos possíveis ou prováveis e interessando, notadamente, o mundo da política e dos negócios.

 

A clarividência pode ser utilizada nas pesquisas geológicas, arqueológicas e paleontológicas e em situações especiais onde não seja possível ou recomendável a presença física do observador humano.

 

A aptidão psi-kapa pode ser utilizada como recurso tecnológico suplementar de ação sobre o universo material para a combustão de materiais, a provocação de reações químicas e transmutações da matéria, para a manipulação de objetos e acionamento de mecanismos à distância, etc.

 

Alguns paranormais como Gerard Croiset, Peter Hurkos e Olof Johnson têm prestado seus serviços parapsicológicos às Policias da Inglaterra, da França, da Alemanha, da Bélgica, da Holanda e dos Estados Unidos na elucidação de crimes misteriosos e descoberta do paradeiro de pessoas desaparecidas.

 

Edgar Cayce, utilizando o seu talento psigâmico, realizava diagnósticos e prognósticos, à distância, de pessoas enfermas, com extraordinário índice de acertos. E, ainda, fazia indicações terapêuticas. As suas famosas "leituras psíquicas" foram devidamente registradas, perfazendo um total aproximado de 30.000 casos.

 

Para Milan Rizl (RIZL - C0M0 POTENCIALIZAR LA MENTE)"estamos negativamente condicionados contra la PES, y una actitud como ésta impide que la PES funcione con fiabilidad" . Numa sociedade futura, ele imagina que as pessoas "aprenderàn a utilizar la PES en vida de cada dia como un sentido màs".

 

Desta mesma expectativa partilham Russel Targ e Harold E. Puthoff (TARG & PUTHOFF - EXTENSÕES DA MENTE) quando afirmam: "O paranormal de hoje será normal amanhã" .

 

Em 1919, os militares tchecos utilizaram clarividentes e rabdomantes na guerra contra os húngaros, com resultados satisfatórios. Por isso, em 1925, publicaram um manual sobre os fenômenos paranormais para o Exército, intitulado "Clarividência, Hipnose e Magnetismo" , de autoria de Karel Hejbalik.

 

Durante a Segunda Guerra Mundial, Bretislav Kafka, na Tchecoslováquia, colocava os seus paranormais em transe para fins de espionagem por clarividência. Stephan Ossowieck utilizou o seu talento parapsicológico, na resistência polonesa, para observar, por clarividência, a posição das tropas alemãs.

 

Os Estados Unidos e a União Soviética estão empenhados em treinar paranormais, visando utilizar as suas aptidões psi, nas atividades militares.

 

Em 1977, o correspondente norte-americano Robert Toth foi detido pela KGB soviética, sob acusação de ter recebido do cientista russo Valery G. Petukhov um relatório referente a descobertas parapsicológicas, consideradas como "segredo de Estado" .

 

FENÔMENOS DE PSI-GAMA

 

Constituem um tipo de conhecimento especial a que denominamos de conhecimento paranormal.

 

Conhecimento normal e conhecimento paranormal

 

O conhecimento normal é aquele que se origina dos sentidos e da razão e se estrutura pelo aprendizado, passando do nível consciente para o nível inconsciente da mente humana. Segue a tradição aristotélica - "nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos" - e a postura kantiana, segundo a qual é a atividade racional que constrói o conhecimento, utilizando a matéria prima fornecida pelos sentidos.

 

O conhecimento paranormal, ao contrário, não se origina dos sentidos e da razão e nem resulta do aprendizado prévio estruturado a nível consciente.

 

Na nossa primeira proposta para uma epistemologia parapsicológica,(ROSA BORGES & CARUSO - PARAPSICOLOGIA: UM NOVO MODELO) apresentamos duas inovações modificadoras da classificação oficial:

 

a) consideramos a precognição não mais como fonte, mas sim, como característica do conhecimento paranormal;

 

b) reconhecemos a existência de duas fontes do conhecimento paranormal - uma fonte externa (telepatia e clarividência) e uma fonte interna (criptomnésia).

 

No primeiro caso, observamos que a experiência vem demonstrando que a atividade psigâmica se comporta em desacordo com a estrutura espaçotemporal e que, na maioria dos casos, a precognição é explicável pela telepatia ou pela clarividência.

 

No segundo caso, constatamos que certos conhecimentos paranormais não foram obtidos do mundo exterior por telepatia ou clarividência, mais parecendo originar-se de um patrimônio gnosiológico inato do Agente Psi. Por isso, admitindo a existência desta fonte interna do conhecimento paranormal, constituída de uma "memória oculta", resultante de conteúdos cognitivos não obtidos do mundo exterior, nós a denominamos de criptomnésia .

 

Conteúdo

 

Quanto ao seu conteúdo, o conhecimento paranormal consiste na manifestação de informações, qualquer que seja a sua natureza, ou de aptidões artísticas e literárias que o Agente Psi não possui em seu estado normal. Ele pode falar ou escrever, fluentemente, em idioma que não conhece (xenoglossia), escrever obras literárias ou filosóficas (psicografia), pintar ou desenhar (psicopictografia) ou, ainda compor ou executar peças musicais (psicomusicografia).

 

Formas

 

O conteúdo da informação psigâmica pode ser expresso oralmente (psicofonia) ou por escrito (psicografia) e deflagrado por automatismo motor (quando o Agente Psi perde a coordenação dos movimentos do seus membros superiores ou de seu aparelho vocal, escrevendo ou falando mesmo contra sua vontade) ou por indução material (quando o Agente Psi utiliza qualquer intermediário para deflagrar o fenômeno psigâmico, como nos casos do psicometria e de radiestesia ou rabdomancia). Pode, finalmente, o Agente Psi expressar a informação psigâmica por dramatização do inconsciente, personificando uma pessoa fictícia ou real, seja esta última viva ou falecida.

 

Alexandre Aksakof (AKSAKOF - ANIMISMO E ESPIRITISMO) já reconhecia que a "desagregação psicológica" pode ensejar uma personificação subjetiva e a "desagregação de efeito plástico", uma personificação objetiva.

 

Questiona-se se o Agente Psi é um simples percipiente passivo ou, ao contrário, se é ele quem, ativamente, busca o localiza a informação que necessita ou que lhe diz respeito.

 

Trata-se, na verdade, de problema complexo, envolvendo a própria expressão Agente Psi, pois quem age é quem provoca a tomada de informação, não sendo apenas decodificador da mesma.

 

Parece-nos que a posição eclética é a mais razoável. Ou seja: segundo as circunstâncias, a informação é procurada ou recebida pelo Agente Psi, o qual, em qualquer dos casos, decodifica a informação segundo a sua situação no momento e as características de sua personalidade.

 

É possível, ainda, que a informação psigâmica ocorra como decorrência da formação do um campo psíquico ou domínio cognitivo entre duas ou mais pessoas ou entre uma pessoa e um objeto. Nesta hipótese, não há que se falar em troca do informações, visto que os elementos deste campo formam uma unidade, mas, sim, da conscientização de determinada informação contida no mesmo.

 

Limites do Psi-gama

 

A Parapsicologia tem demonstrado que nem sempre podemos guardar segredos, principalmente aqueles impregnados de forte conteúdo emocional. Não há proteção contra a aptidão psigâmica. O resguardo da intimidade só é possível a nível consciente. Calamos a nossa voz, escondemos a nudez de nossos corpos, fugimos do convívio das pessoas e, no entanto, em nosso psiquismo inconsciente, permanecemos ligados com toda a humanidade, proclamando o que somos na plenitude de nossa nudez original. No inconsciente de cada homem está a sua verdade e a verdadeira comunicação com todos os outros homens.

 

Podemos saber, psigamicamente, tudo o que tem relação com a nossa vida e até mesmo conhecer coisas que não nos dizem respeito.

 

Extraímos, psigamicamente, da mente dos outros e do mundo exterior aquilo que nos interessa. E os outros podem, por sua vez, extrair, por telepatia, do nosso psiquismo inconsciente, aquilo que lhes interessa.

 

Não conhecemos ainda os limites da percepção a nível inconsciente. Porém, não podemos afirmar que a percepção inconsciente é ilimitada. Por isso, não podemos postular que a percepção psigâmica explica todo o conhecimento paranormal.

 

Se temos uma percepção seletiva a nível consciente, é possível que, identicamente, a percepção psigâmica seja também seletiva. Não existe, portanto, uma onipercepção a nível inconsciente. A hipótese de uma pantopercepção não passa de fantasiosa especulação metafísica. O que a experiência tem demonstrado é que a nível inconsciente possuímos uma percepção muito maior do que apresentamos a nível consciente. Mas isto não nos autoriza a aventar a hipótese audaciosa de que a nível inconsciente somos capazes de perceber tudo o que se passa em qualquer parte do universo. Não passaria de metafísica dotar a percepção psigâmica do atributo de onisciência. Mesmo a nível inconsciente, só percebemos, na verdade, o que tem vinculação significativa com a nossa existência.

 

Decodificação psigâmica

 

O conhecimento paranormal só se explicita, quando a informação psigâmica, alcançando o inconsciente do Agente Psi, se transfere para o nível consciente. Essa passagem de informação psigâmica pode ocorrer instantaneamente ou sofrer retardamentos por bloqueios psicológicos os mais diversos. A permanência da informação psigâmica a nível inconsciente foi denominada por Myers de latência telepática e ele teorizou, arbitrariamente, a sua duração máxima em 17 horas. Preferimos adotar a expressão latência psigâmica, visto que a informação retida no inconsciente do Agente Psi pode ter sido captada também por clarividência e não apenas por telepatia. Por outro lado, entendemos que a permanência da informação psigâmica a nível inconsciente é de duração indeterminada como acontece com qualquer impressão mnemônica. Por conseguinte, a passagem da informação psigâmica do nível inconsciente para o nível consciente não só pode ocorrer instantaneamente como demorar horas, dias, meses e anos. Na verdade, sabemos mais do que pensamos que sabemos e nunca saberemos, a nível consciente de tudo o que sabemos a nível inconsciente.

 

A sugestão pós-hipnótica é uma demonstração experimental de que uma informação pode permanecer, durante algum tempo, em estado de latência a nível inconsciente.

 

Flammarion (FLAMMARION - A MORTE E SEU MISTÉRIO) acha admissível a hipótese da latência telepática de Myers. E exemplifica:

 

"O pensamento de um devedor pode ter-se comunicado, quando vivo, aos seus filhos e ter ficado no cérebro destes durante meses, impressão essa oculta, insuspeita, confundida com todas as outras impressões latentes, porém não destruída; depois, por uma causa desconhecida, em circunstâncias favoráveis, isolar-se ela, sobretudo em sonho, formular-se e emergir, clara, definida do obscuro subconsciente. O mesmo se pode dar para o lugar secreto de uma quantia de dinheiro em reserva". É apenas uma hipótese, mas digna de atenção. 

 

A informação psigâmica, contudo, nem sempre se manifesta de modo explicito e direto. Pode ocorrer deformação da mensagem original na sua transferência do inconsciente para o consciente do Agente Psi. Esses desvios, já observados pela Sra. Sidgwick, se apresentam sob forma simbólica, o que dificulta a compreensão da mensagem. Na União Soviética, foram realizadas, com êxito, experiências de interceptação e até mesmo de modificação de mensagens telepáticas. Vitor Milodan, numa dessas experiências, interferiu na comunicação telepática entre Kamensky e Nicolaiev.

 

A decodificação da informação psigâmica ocorre segundo as características pessoais do Agente Psi.

 

Milan Rizl (RIZL - PARAPSICOLOGIA ATUAL) afirma:

 

"A forma última da experiência de PES, por conseguinte, depende do estado de preparação e do tipo psíquico da pessoa percipiente: se a pessoa é do tipo visual, provavelmente terá visões, do tipo auditivo ouvirá vozes e do tipo motor provavelmente será estimulada a ter uma reação motora.

 

A decodificação psigâmica, sob forma de alucinação auditiva, é conhecida, comumente, pelo nome de clariaudiência. "

 

Nas suas experiências em laboratório com Ingo Swann, Patrick Price, Hella Hammid, entre outros, Russel Targ e Harold E.Puthoff (TARG & PUTHOFF - EXTENSÕES DA MENTE) constataram que "as duas fontes principais de erro na atividade paranormal parecem ser a memória e a imaginação, ambas capazes de originar imagens mentais de maior clareza do que o alvo a ser percebido".

 

A decodificação da informação psigâmica pode, finalmente, sofrer deformações decorrentes da própria personalidade do Agente Psi e das circunstâncias do momento.

 

A dupla face da mente Heinz

 

R. Pagels (PAGELS - OS SONHOS DA RAZÃO) distinguiu dois tipos de sistema:

 

a) o sistema em série que pode ser generalizado a um sistema hierárquico;

 

b) o sistema em paralelo que pode ser generalizado a um sistema que ele denominou de " rede". Os sistemas hierárquicos, diz Pagels, são concebidos de modo a existir uma "parte de cima" e "uma parte de baixo" em todos os níveis. Por isso, "se se retirar a parte de cima", tudo o que está por baixo fica desligado do resto do sistema.

 

Os sistemas tipo "rede" não apresentam esse problema. "Uma rede não tem nem parte de cima nem parte de baixo. Em vez disso, tem uma diversidade de ligações que aumentam as interações possíveis entre os componentes da rede. Não existe uma autoridade executiva central que supervisione o sistema. Uma rede tem muita redundância, de tal modo que, se uma parte da rede é destruída, a rede como um todo continua a funcionar".

 

Pagels observa que a maioria dos sistemas reais são um misto de hierarquia e de redes, como, por exemplo, o sistema bancário internacional. Ele admite que o cérebro é também uma rede, mas que tem, ao mesmo tempo, uma organização hierárquica, conquanto ainda não tenha sido encontrado qualquer sistema de controle geral do cérebro. Cuidamos que esta concepção de Pagels sobre o cérebro fornece uma boa explicação para os processos dissociativos. Poderemos, assim, admitir que o sistema "rede" da mente humana constitui o psiquismo inconsciente e o sistema de hierarquia, o psiquismo consciente. É por isso que, a nível inconsciente, a atividade psíquica é extremamente criativa, diversificada, descentralizada, favorecendo as manifestações de automatismo motor, enquanto que, a nível consciente, ela é ordenada e centralizada. A atividade psíquica, como um todo, é fundamentalmente caótica, ilinear, insimulàvel. A domesticação setorial do caos psíquico é função do psiquismo consciente, selecionando e ordenando as manifestações criativas do psiquismo inconsciente às necessidades do estado de vigília. O psiquismo inconsciente, assim, é um caos de ilimitadas possibilidades e o psiquismo consciente é a atualização, seleção e sistematização de algumas dessas possibilidades. Chamamos de vigília ao nosso estado de consciência centrada, dando-nos uma sensação de individualidade separada a que denominamos de eu. O eu, portanto, é a consciência reduzida às necessidades mais imediatas e urgentes da nossa existência física. Quando a vigília é abolida, o eu desaparece e retomamos àquele estado de consciência que transcende a nossa experiência biológica. É o que denominamos de sono. Myers (MYERS - A PERSONALIDADE HUMANA), com sua habitual argúcia, argumentou que a genialidade e a hipnose revelam essas duas instâncias do psiquismo humano. Diz ele: "Vemos finalmente em alguns casos dos quais nos ocupamos que o homem de gênio chega espontaneamente a resultados semelhantes aos que o sujeito hipnotizado só chega através de artifícios apropriados. E isso, porque o gênio coordena, com efeito, na sua existência, os estados de vigília e sono. Traz ao sono seus conhecimentos e intenções das horas de vigília e reintroduz no estado de vigília o benefício dessas assimilações profundas que se realizam durante o sono. A sugestão hipnótica mostra precisamente esta comparação entre o estado de vigília, durante o qual a sugestão proporciona, por exemplo, o projeto de alguma modificação funcional, e o sono, durante o qual se produz a transformação cujo benefício se estende durante o estado subseqüente de vigília. O estado hipnótico, que é um sono desenvolvido, realiza para o homem comum o que o sono realiza para um homem de gênio" Este estado de consciência transvigílica é o sintetizador de todas as nossas experiências, resultantes das nossas relações com o universo físico e com o universo psíquico.

 

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​© 2015 por Ananda Mayã.


 

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